sótãos e porões são encantadores e muito,
muito promissores.
caixas velhas e esfarrapadas, sacos plásticos mofados,
socados em fundos de armários e prateleiras,
velam o que poderia ser importante,
mas se perdeu no tempo e no conceito do que deveria ter sido.
a vida também é assim.
nas catacumbas da nossa existência
existem verdadeiros tesouros perdidos e mofados.
incompreendidos e mal interpretados.
lembranças dissipadas e esquecidas
em fundos de baús corroídos de cupins e carcomidos por traças.
lembranças que remendadas
restauram a história do que a gente foi,
no que a gente se transformou. ou poderia ter sido.
os próprios becos escuros da alma
fazem-nos reconhecer
– sem medos nem traumas –
o passado que tivemos.
nele, habitam o mistério e a magia.
a verdade e a mentira.